Amanhã volto a Inglaterra, para outro shift (plantão?) com o detector ZEPLIN-III na mina em Boulby. O detector ZEPLIN-III é um experimento de detecção direta de Matéria Negra, e deve ser feito em grande profundidade debaixo da terra para protegê-lo dos ráios cósmicos, muito abundantes na superfície. O detector está instalado em Boulby, uma mina de sal situada 1 km abaixo da superfície terrestre. Como a mina é ativa, nós temos que descer para o laboratório junto com os mineiros, ainda antes do Sol nascer. Infelizmente, não temos os mesmos benefícios: enquanto eles saem as 3-4 da tarde, nós ficamos lá embaixo até as 7-8 da noite. Por isso, quase não se vê a luz do Sol quando se tem um shift lá no inverno, quando os dias são curtos. Mesmo quando decidimos que estamos trabalhando muito, e resolvemos que merecemos um domingo relaxado, podendo descer ao lab as 9 da manhã (tardíssimo!), não é garantia que veremos o Sol – saímos do nosso hotel em Whitby (o Esklet, à 20 minutos da mina) e nos deparamos com uma neblina praticamente opaca! Lembrem-se, isto é a Inglaterra, um dia somente nublado é considerado ótimo tempo. Esta falta de Sol é até apropriada: afinal, Whitby é famosa como a cidade em que o Drácula chegou a Inglaterra, na história do Bram Stoker. E considerando a neblina e as noites longas; as ruas estreitas, escuras e labirínticas; e a vista das ruínas do mosteiro na colina logo acima da cidade, a cidade parece o lugar ideal para um vampiro!
Pois, no meu último shift estive lá duas semanas, e por alguma razão é proibido fazer mais do que 12 dias diretos no subsolo (as pessoas enlouquecem?). Então tive que tirar um dia de folga, e finalmente tive a oportunidade de ver a cidade a luz do dia. É realmente uma cidadezinha muito pitoresca, e até estava cheia de turistas. A cidade se espalha em volta da foz do rio Esk, e as margens do rio sobem rapidamente para um planalto, com falésia do dois lados do rio. As vistas são muito bonitas, e o tempo bom (choveu muito pouco) fez o passeio muito agradável. Tirei várias fotos, especialmente das ruinas do mosteiro acima da cidade, que lhe dão um ar gótico. Não pude resistir e comprei o livro Drácula para ler – eles vendem por 2 libras lá. Foi muito legal ler as parte que se passam em Whitby. Apesar de se passar há mais de 100 anos atrás, a descrição da cidade e de coisas específicas (o mosteiro, a igreja com as escadarias, o porto, as pontes, a praça, os sotaques, etc…) ainda é exatamente a mesma de hoje. Foi muito legal ver como o livro usa a geografia local e eventos reais na história da cidade na trama. Mas fico com vergonha de estar lendo um livro de vampiro, já que vampiros estão na moda e há livros, filmes e shows de TV de vampiros para todo o lado. Pelo menos tenho desculpa – estou lendo mais pela história do que pela estória.
Na volta pra casa, parei 40 minutos em uma estação em York (a original, não a nova), para a troca de trens. Aproveitei o tempo para ver uma das atrações locais, uma grande catedral gótica. Mas só deu para dar uma olhada rápida na cidade antes de ter que correr de volta para o próximo trem.
Para ver o album de fotos de Whitby (e umas poucas de York), clique aqui ou na foto acima.