Monday, January 18, 2010

Jornadas em Braga

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Como se não bastassem todas as viagens que fizemos nos feriados, na semana seguinte fomos a Braga, uma cidade no norte de Portugal (ainda mais para cima do que o Porto). Eu fui participar de uma conferência lá, e a Ines veio comigo para podermos aproveitar e passear. A conferência é uma reunião bienal do LIP, o instituto em que eu trabalho. Ele tem dois pólos, e a cada 2 anos eles se reúnem para fazer apresentações e colocar todo mundo a par das pesquisas feitas pelos outros.

Braga é uma cidade antiga, com monumentos, igrejas e castelos antigos espalhados pelo centro. A praça central é muito bonita - é um espaço aberto enorme, com vários prédios antigos a volta, inclusive catedrais e uma torre de castelo medieval. O guia turístico que arranjamos lá assinala uma catedral como a atração principal do centro, mas eu não a achei tão interessante - nem a fachada nem o interior eram muito trabalhados ou bonitos. O mais interessante dela era o órgão, o único órgão duplo que já vi. Ele cobria dois lados da área do coro, tinha vários andares, era muito elaborado e coberto de ouro. Era uma monstruosidade de órgão, e me lembrava a descrição do órgão da "Unseen University" do Terry Pratchett, que era tão grande e elaborado que só podia ser tocado pelo bibliotecário-mestre (que era um orangotango e portanto tinha 4 mãos).

Mas o mais legal da viagem foi o Santuário do Bom Jesus, numa colina beirando a cidade. O santuário consistia de uma calçada subindo o pé da colina por um bosque, com fontes d'água e capelas; um conjunto de escadarias, com estátuas e mais capelas; uma igreja, grande e muito trabalhada; e um pátio com 3 capelas, onde acaba o caminho. Este caminho representava as estações da cruz, e as capelas continham estátuas com cenas dos últimos dias de Jesus. O conjunto de escadarias era feito em zig-zag duplo (duas escadas para fora seguidas de duas para dentro), e era também dividido em duas seções: as 5 escadas dos sentidos, e as 3 escadas das virtudes. O conjunto todo era muito elaborado, cheio de símbolos e alegorias. Por exemplo, a calçada inicial tinha fontes d'água, cada uma representando um planeta. As escadarias dos sentidos tinham fontes em que estátuas soltavam água pelos ouvidos, pelos olhos, pelo nariz, etc..., e tinha estátuas de profetas. As escadas das virtudes tinham decorações centrais representado virtudes, e laterais representando emoções. O caminho passava por um jardim mais elaborado, com mas escadarias, estátuas, jardins laterais com vistas, e a catedral. Lá também havia uma esplanada com bares e hotéis. O caminho continuava com mais umas capelas, até chegar a um pátio com as últimas capelas, que tinham cenas da ascensão de Jesus. O santuário era muito elaborado e interessante, e me lembrava um pouco as descrições feitas no "Anjos e Demônios" do Dan Brown.

E quase que esqueci de contar: havia também um "elevador" (um bondinho, na verdade), que sobe a colina ao lado das escadarias. O legal é que ele é movido a água, e foi construído em 1882. O princípio é muito simples, consistindo de dois bondinhos balanceados, um segurando o outro; quando um sobe, o outro desce. A água, trazida de alguma fonte ou riacho por perto, jorra constantemente, enchendo um tanque no bondinho que está parado em cima. Quando chega a hora, eles soltam os freios do bondinho, e o peso da água leva o bondinho para baixo, puxando o outro bondinho (no qual o tanque está vazio) para cima. A Ines foi quem notou o detalhe mais interessante: há um buraco no tanque do bondinho, e ele vai se esvaziando enquanto desce, e deve ficar completamente vazio quando chega ao fim. Eu imagino que os arquitetos devem der calculado exatamente o tamanho do buraco para que a perda d'água seja exatamente a necessária para diminuir a aceleração do bonde enquanto desce, assim evitando que ele vá rápido demais. É uma boa demonstração de física newtoniana para crianças. Quem diria que uma igreja faria uma ótima excursão para uma aula de ciências?

Clique aqui ou na foto acima para verem as fotos.

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